Monday, February 26, 2007

Oscar 2007

Continuando o tópico dos dois moços abaixo: ok, Marty ganhou um Oscar, genial - embora isso seja mais importante pro Oscar que pro Marty (digo, o cineasta, não a pessoa física).

Agora, quem tirou onda mesmo (como sempre) foi o bom e velho Clint traduzindo o italiano do Ennio Morricone.

Tens uns caras que simplesmente não conseguem errar, nem quando seus dois filmes-estátua do ano ganham só um prêmio de som.

Friday, February 23, 2007

Clint e Martin

Curioso que eles tenham virado uma dupla já em fase adiantada de carreira, não? E eles têm mais a ver do que muita gente pensa...

Essa semana, tive dose tripla: revi Os Infiltrados, e confesso que já sabendo onde cada cena ia dar, o filme caiu bastante na retirada da tensão de trama. Assenta num respeitável **, e é isso. Gosto especialmente do final (não o ratinho, caguei pra ele - não me incomoda em nada, mas não é nada de brilhante tb), falo da morte generalizada que é de fato do que o filme trata (e nesse sentido o tiro no DiCaprio é o tipo da coisa que só cresceu sabendo que ia acontecer). Gosto cada vez mais do Jack Nicholson (que acho plenamente adequado ao que se pede do papel - já do Mark Wahlberg gostei quase nada dessa vez), mas acho que o filme tem um andamento bem problemático. O Cléber me disse depois de rever que só gosta do filme quando ele se instala numa cena, e não quando ele corre pra lá e pra cá. Gozado, eu fiquei pensando exatamente o contrário: gosto quando ele acelera, e não quando ele se instala, porque faz isso mal a meu ver. Só que o problema é que o material em si se adequa mal às acelerações, às boas e velhas sequências de montagem do Scorsese, que possuem todo um sentido em si mesmas. Com isso, quando elas entram, criam um desacordo com o resto - mas ainda assim são o que de melhor se desenvolve em cena.
(...)
Sobre o velho Clint, nos mandou dois filmes (***) que eu admiro e respeito de montão, mas de uma distância. Queria fazer a experiência mais adiante de ver os dois seguidos, me parece ser algo a ser tentado urgentemente. São filmes em que as primeiras visões parecem radicalmente insuficientes. Ambos têm momentos absolutamente embasbacantes, o que é mais do que a gente pode dizer da enorme maioria das coisas que vemos, mas também têm momentos que eu questiono a beça, e que não vai ser porque são do Clint que vou relevar (tipo o flashback do cachorrinho no Iwo Jima), além de uma certa inconsistência de andamento, pelo menos no que senti nesta primeira sentada. Não foram filmes que me deixaram com o proverbial sentimento de estar de joelhos na sala (tipo Bird, Mundo Perfeito, Imperdoáveis, Honkytonk Man, etc), isso é certo.
Últimas do cinema
Textos meus publicados ontem na Cinética: críticas de Em Direção ao Sul e Turistas (0), e textículo de Dreamgirls. Dou o link direto não, entrem na revista mesmo - quem sabe assim não aproveitam pra ler os outros textos?
Ontem tive um daqueles meus momentos clássicos de cinema que fariam o Ruy me dar uns cascudos: ao invés de ir ao CCBB-SP (tem algo que me deprime naquela sala) ver Memória de Helena e rever Dragão da Maldade, fui ao Cinemark Sta Cruz ver Turistas e Rocky Balboa (*1/2).
Ô, respeito aí vai, não precisa gargalhar não vai...
(...)
Sobre o Rocky, tem uma discussão interessante na comunidade do Cinemascópio no Orkut (onde aliás de vez em quando saem uns papos bem legais) com o qual eu até concordo: o filme é um bicho muito esquisito no cinema atual. Foi curioso ver a reação da jovem platéia no Cinemark, tensa com aquele filme que se pretende muito mais um drama que um filme de boxe - como todos os Rocky, claro, mas esse pessoal jovem do Rocky só conhece o nome, não os filmes. Um filme deprê pacas, aliás.
Tudo isso é muito interessante no filme, que até tem uma bela idéia no começo (a ida do Rocky a locais do passado), mas você quase tem que esquecer o pé no saco que é assistir o filme de fato pra lembrar que ele é interessante. Stallone dirige muito mal, atua muito mal (não vale argumentar que é de propósito - não é), escreve muito mal, usa música muito mal, monta muito mal... em suma, haja esforço pra achar que o filme simboliza algo de muito importante que o redima de tanta ruindade na sua realização. Por mais simpático que eu seja aos argumentos sobre a morte de um determinado tipo de cinema e da chateação que é um outro tipo de filme de ação médio atual, me dêem 1/4 de McG antes de 30 Stallones!!!
Em suma, um exímio exemplar do que eu quis dizer com a legenda da cotação *1/2 aqui embaixo.
Como comentei com o pessoal aqui de Sampa outro dia, eu reabri o blog pelo motivo simples de que antes tinha prometido não escrever sobre cinema, e depois da Copa descobri que eu simplesmente não tenho outro assunto na vida - já que o futebol parece realmente só me fascinar de quatro em quatro anos. Quer dizer, fora o cinema o que ocupa minha cabeça é a minha namorada e os meus amigos, e sobre isso não tenho vontade de escrever e sim de passar o dia com eles.
Ah, minto: tem o Big Brother. Mas o Big Brother é coisa séria, não é assuntinho pra blogs não.
(...)
Fora isso, mantenho-me um orgulhoso ignorante da tecnologia blótica. Não sei colocar links pros amigos e sites que leio, nem quero o trabalho de atualizá-los com o tempo - mas eles sabem quem são. E não tenho idéia pra que serve este troço escrito aqui embaixo ("Marcadores para esta postagem").
Não, isso não é uma pergunta - por favor, não respondam!

Tuesday, February 20, 2007

Sobre cotações

Para fins "críticos", eu ando de saco cheio do apapo de cotações, mas para o fim blogueiro, acho elas muito úteis. Só que, como blog é blog (e jogo é jogo), aqui elas seguem uma relação tão particular com conceitos quanto deva ser. Então, abaixo segue a minha "legenda" para as cotações:

0 - PUTAQUILPARIU
* - chatiiiiinho
*1/2 - "o filme é interessante" (ou seja, chatiiiinho com alguma coisa que vale a pena)
** - um bom filme, não?
**1/2 - "putz, o filme é quase ótimo"
*** - belíssimo filme
***1/2 - uau
**** -
(sem palavras)

Monday, February 19, 2007

Choques estéticos

Esta é uma daquelas expressões pelas quais nos apaixonamos de tempos em tempos... na época do Festival do Rio e Mostra de SP, fiquei usando ela aqui e ali, porque me parece melhor pra representar os filmes que REALMENTE mexem comigo do que aquele papo de "obra-prima" - afinal este termo tem significados demais atrelados a ele, e como muita gente usa tão a torto e a direito, eu mesmo já nem sei mais se ele significa alguma coisa.

meus choques estéticos andam raros, mas confesso que houve dois recentes:

- o primeiro, ver Miami Vice, o filme (****) - em DVD. o que foi um choque acima de tudo porque eu tenho a maior dificuldade de me entregar a um filme visto pela primeira vez na telinha de casa - tanto que tento fazer isso o mínimo possível, e neste caso foi por uma necessidade mesmo. mas o filme me deixou verdadeiramente transtornado frente ao que eu assistia, e confesso que cheguei a chorar junto com a personagem da Gong Li na cena em Cuba (veja, não chorei porque ela chorava, as lágrimas correram junto mesmo, foi bizarro). o que isso fez, mais do que mudar radicalmente minha lista dos cinco melhores do ano passado (ciao, Moretti, mai ti amo!), que tinha sido a razão de eu ver o filme agora, foi mudar minha impressão sobre o DVD como formato. talvez eu só estivesse dando isso de desculpa pra um monte de filmes que eu achava que deviam mexer comigo, mas não conseguiam...

- Opening Night, de Cassavetes (****), que é um destes filmes que me faz querer jogar fora mesmo a tal da "obra-prima", porque pra mim a expressão faz pensar em perfeição, em completude, e estas são palavras que eu simplesmente não encaixo no filme do Cassavetes. o filme está muito mais pra um choque que pra uma "obra-prima", e foi a sensação física de um choque que eu tive na sequência final toda, onde cai o mito do "free cinema" do Cassavetes (afinal, ela vai revelando quão programado eram todos os "improvisos" pra que a força de clímax dramático se revele naquela noite de estréia do título) ao mesmo tempo que a mistura do teatro com o cinema é onde melhor eu vi funcionar até hoje o cinema do Cassavetes (o que era Faces se não um grande teatro?). e o filme ainda me fez pensar como O Quadrado de Joana (**), do Tiago Mata Machado, mal arranha o tema da questão da construção de personagem e do conceito de representação.
Depois de ver nos últimos dias À Procura da Felicidade (**), Dreamgirls (0) e Em Direção ao Sul (*1/2), e tendo lido coisas sobre O Último Rei da Escócia e Diamante de Sangue (pretendo ver o primeiro, não pretendo ver o segundo), me parece que tem algum texto esperando por aí pra ser escrito sobre o uso político recente da imagem do "negro cinematográfico" e os significados deste uso - algo que ressoa tb no nosso Antônia, claro.

cada filme é bem específico no uso que faz do assunto (e, como não podia deixar de ser no exemplar francês, ali a reflexão sobre o tema É o filme), mas há umas pontes curiosas sendo construídas o tempo todo entre eles...

(a propósito: não, não serei eu a escrever este texto - eu pretendo escrever uma crítica ao Dreamgirls - com menção rápida ao filme do Muccino; e uma "crítica imaginária" ao filme do Laurent Cantet - imaginária porque o que ele tem de mais interessante pra mim é o que ele nunca mostra; mas o que ele mostra é bem pouco interessante, por outro lado)