É só sucesso!
Sempre O Globo... ai, meu Deus, eu nunca tinha visto o quanto este jornal me ajuda na minha vida...
Segundo Caderno de ontem, matéria de Rodrigo Fonseca sobre o lançamento de A Máquina no cinema. (quem quiser saber o que eu penso do filme, leia em http://www.contracampo.com.br/75/amaquina.htm - não que isso tenha a ver com a matéria... eu acho) Lá pelo meio, repórter e cineasta se saem com uma sacada brilhante, especialmente pela novidade. Abre aspas:
"Falcão sabe que o assumido apelo comercial de seu longa-metragem — comprovado com o prêmio do júri popular no Festival do Rio 2005 — provoca rejeições.
— É tão antiga essa vergonha de fazer sucesso. Ainda existe o pensamento de que quanto mais o público despreza um filme, melhor é um cineasta. Mas não é só no cinema brasileiro que as coisas funcionam assim. Fora do Brasil também é desse jeito. E fora do cinema, não é diferente. Na música, por exemplo, um fulano será muito bacana até que ele venda 20 mil discos. E no teatro... Bom, aí, um artista será sempre legal até que ele passe para um teatro com ar-condicionado e deixe de ser visto apenas pelo pessoal da classe — diz o diretor, que tem créditos de músico no currículo."
bem, o único clichê tão grande quanto "o crítico é um cineasta frustrado" é este que volta e meia invocam: falou mal do meu filme porque tem inveja do meu sucesso.
para além d'eu achar genial este escorar-se num sucesso de público ANTES do filme, bem, ser um sucesso - o que não duvido que venha a ser, vista a exposição de mídia sobre ele - impressiona mesmo é a falta de disposição ao diálogo, de simplesmente sentar e ver o que afinal o crítico criticou no filme, de ver se este mesmo crítico já não elogiou trocentos sucessos de bilheteria antes na vida - em suma, a porqueira da argumentação barata é muito triste.
só faltou dizer que, bem, o crítico era um cineasta frustrado.
PS: sobre o sucesso antecipado, não ignoro a argumentação do texto segundo a qual
"Falcão sabe que o assumido apelo comercial de seu longa-metragem — comprovado com o prêmio do júri popular no Festival do Rio 2005 — provoca rejeições.
mas, simplesmente lembro alguns dos filmes que ganharam prêmios de júri popular no Festival do Rio: Onde a terra acaba, Bellini e a esfinge, Seja o que Deus quiser. se bilheteria não tem nada a ver com sucesso no sentido crítico, muito menos o prêmio do Festival do Rio indica algum "apelo comercial"
(mesmo Onde a terra acaba, que podia-se argumentar ser um documentário, portanto de acesso mais restrito, ganhou no festival do muito bem-sucedido Janela da alma).
Sempre O Globo... ai, meu Deus, eu nunca tinha visto o quanto este jornal me ajuda na minha vida...
Segundo Caderno de ontem, matéria de Rodrigo Fonseca sobre o lançamento de A Máquina no cinema. (quem quiser saber o que eu penso do filme, leia em http://www.contracampo.com.br/75/amaquina.htm - não que isso tenha a ver com a matéria... eu acho) Lá pelo meio, repórter e cineasta se saem com uma sacada brilhante, especialmente pela novidade. Abre aspas:
"Falcão sabe que o assumido apelo comercial de seu longa-metragem — comprovado com o prêmio do júri popular no Festival do Rio 2005 — provoca rejeições.
— É tão antiga essa vergonha de fazer sucesso. Ainda existe o pensamento de que quanto mais o público despreza um filme, melhor é um cineasta. Mas não é só no cinema brasileiro que as coisas funcionam assim. Fora do Brasil também é desse jeito. E fora do cinema, não é diferente. Na música, por exemplo, um fulano será muito bacana até que ele venda 20 mil discos. E no teatro... Bom, aí, um artista será sempre legal até que ele passe para um teatro com ar-condicionado e deixe de ser visto apenas pelo pessoal da classe — diz o diretor, que tem créditos de músico no currículo."
bem, o único clichê tão grande quanto "o crítico é um cineasta frustrado" é este que volta e meia invocam: falou mal do meu filme porque tem inveja do meu sucesso.
para além d'eu achar genial este escorar-se num sucesso de público ANTES do filme, bem, ser um sucesso - o que não duvido que venha a ser, vista a exposição de mídia sobre ele - impressiona mesmo é a falta de disposição ao diálogo, de simplesmente sentar e ver o que afinal o crítico criticou no filme, de ver se este mesmo crítico já não elogiou trocentos sucessos de bilheteria antes na vida - em suma, a porqueira da argumentação barata é muito triste.
só faltou dizer que, bem, o crítico era um cineasta frustrado.
PS: sobre o sucesso antecipado, não ignoro a argumentação do texto segundo a qual
"Falcão sabe que o assumido apelo comercial de seu longa-metragem — comprovado com o prêmio do júri popular no Festival do Rio 2005 — provoca rejeições.
mas, simplesmente lembro alguns dos filmes que ganharam prêmios de júri popular no Festival do Rio: Onde a terra acaba, Bellini e a esfinge, Seja o que Deus quiser. se bilheteria não tem nada a ver com sucesso no sentido crítico, muito menos o prêmio do Festival do Rio indica algum "apelo comercial"
(mesmo Onde a terra acaba, que podia-se argumentar ser um documentário, portanto de acesso mais restrito, ganhou no festival do muito bem-sucedido Janela da alma).
1 Comments:
putz, essa matéria me deu a maior vontade de vomitar :/
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