Thursday, April 27, 2006

Confusão clássica

Os leitores deste blog (será que ainda existem?) vão me perdoar a ausência, mas ela foi motivada por dupla razão: a primeira foi que a última semana foi quase toda ocupada por trabalho e/ou pela namorada - e como eu prometi não ficar falando de vida pessoal (se bem que, o que não é vida pessoal??), e não quero começar a dar estrelinhas pra dias de trabalho nem de amor (sim, seria possível um virginiano insano como eu pensar na hipótese), não houve nem tempo nem o quê escrever; por outro lado, desde a viagem da moça (sem nomes, hehehe), eu vi 3 filmes, mas todos eles colocaram altamente em crise o conceito de dar notas - que, eu sempre tive como uma crise constante, mas ainda assim administrável. Dois deles por trazerem à baila uma velha questão minha: como lidar com "clássicos" do cinema (no sentido amplo?). Porque eu aprendi a dar as notas como uma expressão pura da subjetividade/gosto, mas estes passam longe de mim ao assistir estes filmes como único valor em jogo. Ao mesmo tempo, como colocá-los dentro de um mesmo grupo com os filmes de hoje, cuja inserção no mundo do cinema contemporâneo cria, pra mim, um balizamento possível. Sem contar que, qual a diferença de fato, entre o que eu diga deles, hoje??? Em suma, por isso tudo é uma coisa meio dolorosa pra mim dar estrelinhas pra estes filmes. Mas, enfrento o desafio, e, depois de dias de reflexão, lá vai:
Desejo Humano, Fritz Lang (Odeon) - ***1/2
A Cadela, Jean Renoir (Odeon, 16mm) - ***

Concluí que não importa que eu considere estes filmes obras-primas em muitos aspectos de linguagem e significado histórico: eu não os colocarei como obras-primas porque este é um conceito que, a meu ver, deve dizer mais de mim do que dos filmes. São os filmes que me colocam num estado de maravilhamento completo, o que muito poucos fazem (sempre admiro blogs de amigos, cheios de ****). Estes o fizeram, em momentos, mas não posso dizer que a sensação ao final era a da perda de sentidos.

Curiosamente, o outro filme complicador é contemporâneo, mas completa essa questão: ao vê-lo, na maior parte do tempo, não estava particularmente "gostando". Mas, muito adiante na experiência, percebi que não era mesmo isso que o filme esperava de mim (que "gostasse" dele). Nesta operação, comecei a ver o filme com outros olhos, ainda assim sem conseguir me posicionar sobre ele. Nos dias seguintes, o filme ocupou obsessivamente algumas idéias minhas e deu vazão a ótimas conversas com pessoas. Portanto, não pode ser um filme menos que interessantíssimo. Mas, com oequacionar isso com o bom e velho "gostou?" Não consegui ainda. Por enquanto, só uma decisão: rever o filme (algo que, por si só, já é um elogio) o mais breve que puder. E aí reavaliá-lo. No meio tempo, fica a primeira impressão que, com razão, é em cima do muro:
Brasília 18%, Nelson Pereira dos Santos (Arteplex RJ 2) - **

2 Comments:

Blogger João Cândido said...

em que parte de Boleiros 2 vc dormiu?

11:04 AM  
Blogger Eduardo Valente said...

10 minutos finais

1:41 PM  

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